"Poesia não compra sapatos, mas como andar sem poesia?"

domingo, 30 de outubro de 2011

"Sonhar: um olhar para o futuro"

O quarto encontro da nossa Oficina foi muito especial: pensamos, discutimos e refletimos sobre os nossos sonhos (não aqueles sonhos que temos enquanto estamos dormindo, mas sim os que cultivamos de olhos abertos!). Para realizar esse trabalho, lemos diversas poesias que falam sobre o mar ou atividades e objetos a eles relacionados; a seguir, todos produziram um barquinho de papel, imaginando de onde e para onde ele iria, o motivo pelo qual ele estaria no mar, o que ele estaria carregando em seu interior, como estariam as ondas do oceano, etc. Todas essas atividades culminaram com a leitura do poema Canção, de Cecília Meireles:  

Canção

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça.
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa , águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

MEIRELES, Cecília. Canção. In:__ Cecília de bolso / Cecília Meireles; [organizador Fabrício Carpinejar]. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 31-32.


Lemos, compreendemos e interpretamos o poema acima, o que permitiu aos alunos da Oficina refletirem sobre questões de suas próprias vidas. A partir de Canção, também discutimos novos recursos poéticos: a comparação e a repetição de um som. Vejamos como esses recursos se apresentam no poema:

1) COMPARAÇÃO:
"Meus olhos secos como pedras"

O poema compara os olhos secos com pedras, utilizando, para isso, a palavra como. Assim, os "olhos secos" foram aproximados do objeto "pedras", sugerindo a dureza do momento em que o sonhador desiste do seu sonho e, ainda, indicando que ele já chorou o suficiente, não havendo mais lágrimas a derramar (conforme as próprias palavras de meus alunos).

2) REPETIÇÃO DE UM SOM:
"O vento vem vindo de longe"

A partir do verso anterior, os alunos puderam perceber que o som que nele se repetiu foi o de "v", o qual tenta imitar o som do vento, elemento que aparece presente no poema. A repetição de sons também ocorre nos trava-línguas, com os quais fizemos uma atividade muito divertida: a de lê-los em diversos ritmos.

Por fim, assistimos a um trecho do filme À procura da felicidade (2006) e confeccionamos a Árvore dos Sonhos: entreguei a cada aluno o desenho de uma folha, na qual eles deveriam registrar os sonhos e desejos que cultivam. Diante das folhas prontas, nos dirigimos ao jardim da Casa da Cultura e todos penduraram suas folhas nos galhos das árvores. Esse gesto, apesar de simbólico, representou o plantio dos sonhos de cada participante da Oficina: seus desejos são como árvores que necessitam ser regados com dedicação e empenho para que cresçam e se tornem reais. Foi uma atividade muito emocionante e o resultado pode ser conferido abaixo:

 Alunos da Oficina ao lado da Árvore dos Sonhos

 Os sonhos da Maria Eduarda: "Meu sonho é um dia ainda voltar para Lajeado e voltar a patinar ou ser arquiteta".

 Os sonhos da Maria Paula: "Meus sonhos são ter muito sucesso na vida; ser artista; designer de moda; e modelo. Mas também gostaria de ser arquiteta".

Os sonhos da Fernanda: "Ser médica, artista, muito feliz".

Fico emocionada diante de um encontro tão bonito como este que acabo de descrever. Para finalizar a postagem de hoje, transcrevo um trecho da música Mais uma vez, de Renato Russo:

"QUEM ACREDITA, SEMPRE ALCANÇA!"


Um comentário:

Carolaine disse...

Nesse dia aprendemos que quase nada é imposivel! Um sonho pode ser realizado se nós atravessar as barreiras e lutar por ele!
Como sempre amei esse encontro!
Beijos :*